Antes de mais quero agradecer todo o incentivo que deram aos meus pais. Eles receberam muitos emails de amigos e de pessoas que não conheciam, que, simpaticamente, iniciaram já alguma troca de informação, que será colocada mais tarde no blogue.
Depois do impacte inicial, já descrito no post anterior, começaram a surgir as dúvidas. Embora ainda seja
cedo para colocar algumas questões, eles têm um desejo imenso de fazer
perguntas a alguém. A primeira, e mais geral, é saber se existe uma equipa
multidisciplinar que responda às suas questões? Eles são umas criaturas
curiosas e desconhecedoras da matéria, que gostavam de perguntar tantas coisas
básicas e diversas, para me poderem ajudar, p.ex.: como é que eu vou gatinhar
e, mais tarde, nadar e comer com faca e garfo. Quando é que eu vou perceber que
me falta uma pecinha tão importante, que os outros meninos têm e eu não? Como e
quando me vão explicar? Como é que vou apertar os sapatos? O que é preciso
fazer para o meu braço direito ter força muscular igual ao outro? Vou usar
prótese ou não? Sou eu que decido? A partir de que idade? Há outras soluções
para o meu caso? O que é a Clínica da Mão? Vale a pena lá ir? Eu desconfio que
o que eles têm mesmo, é medo das “brincadeiras” dos outros meninos, tendo
dúvidas sobre o que me devem ensinar para eu me defender e ultrapassar essa
dificuldade. De facto, os outros meninos podem ser muito cruéis e eles não
sabem qual a melhor maneira de me preparar para isso. Claro que também gozam
com os gordos, ou os altos, ou baixos, etc. Há sempre uma falha para explorar.
No entanto, no meu caso, sendo um aspeto mais visível, eles receiam o que me
espera.
Certamente haverá respostas, umas mais complicadas que outras, para cada uma destas preocupações. Eles têm intenção de colocar posts futuros sobre ferramentas e soluções à medida que se vão informando. Obter respostas a estas incertezas tem como objetivo contrariar um problema que eles ouviram num vídeo no interessante site – ANDAMUS (que será colocado em link) – “os outros olham para mim e só veem o que não tenho, só veem o que não consigo fazer, mas o que me define não é o que me falta, é o que quero”. Embora tenham muitas questões, eles têm a certeza que vamos lutar e que eu vou querer fazer tudo e mais alguma coisa. Espero que digam de mim, o mesmo que dizem de um colega da minha mãe que não tinha um braço: “o tipo só com uma mão, faz mais do que muitos com duas”.