domingo, 13 de setembro de 2015

Já tenho uma mãozinha!

Olá, olá! Já viram a minha fotografia nova no blogue? Já tenho duas mãozinhas desde 3 de fevereiro (aos 6 meses). Já perceberam que eu estou sempre atrasado nas notícias do blogue; mas agora até se justifica, pois vou descrever como é que arranjei esta minha nova mão e como foi a evolução para ela aderir bem ao meu braço. Nas férias tenho sempre um pouco mais de tempo para escrever e, além disso, já ouvi os meus pais a dizer que este blogue não é uma corrida de velocidade, é uma corrida de fundo! Quando falar, pergunto-lhes o que é que isso quer dizer.

Lembram-se de eu ter falado, no post anterior, da possível vantagem de usar desde já uma “mão nenuco”? Pois é mesmo essa que já tenho. A minha prótese é constituída por uma espécie de “copo”, onde entra o meu braço; por uma mão de um boneco; e por uma meia elástica, que devia servir para apertar o meu braço, mantendo a prótese no local devido. Neste post vou colocar fotografias, pois é importante explicar bem para ajudar não só outros meninos, como também os técnicos que aconselham os nossos pais. Assim, nas figuras 1 e 2 podem ver todo o conjunto:

1.       O “copo” foi desenvolvido pelo protésico da “Ortopedia Moderna”, após ter efetuado um molde que ficou suficientemente largo para poder durar mais tempo;
2.       Ao “copo” foi colado o braço e a mão do boneco, cheio de uma massa para dar peso (preciso de ter muito músculo!);
3.       Do lado do encaixe foi colada a tal meia elástica.
Figura 2

Figura 1

Para quem seja beneficiário, o código de comparticipação da ADSE/ADM deste tipo de prótese é o n.º 7662).




A minha amiga terapeuta ocupacional do Hospital Dona Estefânia, que eu já andava a visitar desde 27 de janeiro, ensinou-me a controlar melhor a minha nova mão. É verdade que na maior parte das sessões eu tinha sono, ou ligava mais ao que se passava com o vizinho do lado, mas pelo menos os meus pais estiveram atentos, para me poderem ajudar em casa. Já me estou a perder; a adaptação é assunto do próximo post. Hoje é só sobre a ligação física da prótese ao braço.

Na verdade, esta coisa de “calçar” uma mão é mais complicado do que aprender a andar com sapatos de salto alto e demora a ajustar. Como a meia elástica não me apertava suficientemente o braço, eu não sentia que a minha “mão nenuco” fosse a continuação do meu braço; quando eu balançava muito, escapava-se e parecia que tinha o braço partido. Eu tinha de me sentir confortável e tinha de pensar que aquele braço estava fixo e que substituía a parte em falta. Às vezes, o braço desprendia-se eu andava a brincar com ele, para susto das minhas amigas da creche. A primeira opção dos meus pais foi usar alfinetes–de-(d)ama que prendiam a meia elástica à manga da minha roupa junto ao ombro. Até resultou, e usámos alfinetes com segurança, como os que se utilizavam antigamente nas fraldas. Mas quem sabe, sabe: a minha terapeuta, que também tentava solucionar o problema, assustou os meus pais, referindo que já tinha visto incidentes com aquele tipo de alfinetes. Ok! Não queremos mais acidentes ou incidentes. Para mal já basta assim. Não arriscámos.

Figura 3
Nova estratégia: um elástico fofinho e velcro (figura 3). O elástico é colocado à volta do meu tronco, por cima de um body, unindo atrás com velcro (figura 4) sem apertar muito, mas de forma a não descair no ombro quando a prótese faz força. Na parte do elástico que fica na zona do ombro foram cosidos dois velcros pela minha avó, que vão ligar a outros dois, cosidos na manga elástica da minha prótese. Cuidados a ter: os velcros cosidos na manga devem estar quase em oposição e o velcro mais áspero deve ser o que está ligado ao elástico, para ficar virado para o exterior, não raspando o meu braço. Após colocar a prótese (figura 5) com uma pequena luva para a transpiração, começa-se pelo velcro de trás, de modo a permitir levantar a “mão nenuco” até à minha cabeça; depois coloca-se o velcro da frente, que permite que eu estique o braço, mas com limite, para que não pareça “partido pelo cotovelo”. Finalmente é só vestir uma camisola (figura 6) e usar e abusar da minha mãozinha (até dá para coçar a cabeça). Para já, ainda só temos a versão em branco. Com o tempo, talvez os meus pais resolvam variar para cores diferentes, tipo coleção outono/inverno e primavera/verão. Pensando bem, é uma ideia mais para os meus irmãos, que têm a mania das modas.


Figura 4

Figura 5
Figura 6
E pronto! Por agora é tudo. O próximo post vai ser muito mais interessante, pois explicarei os prós e os contras da minha prótese. Sim, não pensem que isto são só rosas!


P.S. Um agradecimento especial ao Hospital de Bonecas, na Praça da Figueira: quando os contactámos para nos venderem um braço de boneco (os dos Nenucos eram muito pequenos), foram tão simpáticos que nos disseram que não vendiam, mas que nos davam. Bem hajam!

1 comentário:

  1. Olá super-guerreiro!
    Fiquei muito contente com as boas notícias sobre a tua mãozinha! Agora é treinar muito, muito, até tu e a mãozinha serem um só... por este andar, vais ser muito rápido, vais ver.

    Muitos beijinhos,

    Carla P.

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