Caros amigos, cá estou eu de
novo!
Este é o quarto post em 9 meses de vida, pelo que julgo
que não vos estou a incomodar muito. Tenho tido pouco tempo entre a piscina e a
terapia ocupacional, de que falarei no próximo post; além disso não me deixam usar computador na creche, porque
dizem que isto não é trabalho, pelo que tudo se torna mais difícil.
Hoje trago-vos a história de uma
viagem a Coimbra. Lembram-se quando eu perguntava no segundo post: “O que é a Clínica da Mão? Vale a
pena lá ir?”. Fomos lá, pois os meus pais querem ouvir o maior número possível
de opiniões e estar por dentro de todas as soluções para poderem tomar decisões.
Já tínhamos estudado o site (ver
link/soluções), onde pudemos ler que “a mão é a estrutura anatómica mais
complexa do corpo humano, é a extensão do cérebro humano, imprescindível para a
vida de relação, para a actividade diária e do mundo do trabalho”. Também verificámos
que se descreviam cirurgias com transferência do dedo do pé para a mão,
transposições de dedos entre mãos e transplantes de mãos em adultos.
Dia 16 de dezembro lá fomos à
Clínica da Mão. O Sr. Professor foi muito simpático, mostrou-nos vídeos e
fotografias de casos similares; falou-nos da sua longa experiência; e
apresentou-nos a sua solução. Embora o que o Professor preconiza seja o que
esperávamos da leitura do site, não
deixou de ser duro de ouvir: quando eu tiver 3 ou 4 anos, cria-se uma pinça que
resulta da transposição do meu dedo anelar esquerdo (com pouca utilidade), para
o meu braço direito, a que se vem juntar um dedo, que é retirado do meu pé. Com
essa pinça eu faço tudo na vida (agarrar, escrever …). A minha mãe ouviu atenta
e, aquando da solução, deu um salto comigo na cadeira! Dada a surpresa, o Professor
condescendeu, referindo que podia também conceber a pinça com um dedo de cada
pé. Respirámos! Mal por mal, mais vale ficar com oito dedos nos pés, do que
cortar a minha única mão inteira.
A conversa continuou, com outros
motivos de grande interesse. Foi importante confirmarmos algumas ideias
relativas ao desenvolvimento do meu bracinho. Os meus pais devem estimulá-lo o
mais possível, para que tenha força e para que cresça na mesma proporção do meu
braço esquerdo. Para tal eu quero ser massajado (que bom!), quero ir chapinhar
na piscina (uau!) e preciso que me obriguem a usar o meu braço, pois sou um
bocadinho “preguiças”. Por outro lado, também foi relevante atestar a vantagem
que é eu usar desde já uma “mão nenuco”, i.e. uma prótese feita com a mão de um
boneco, que vai permitir ao meu cérebro habituar-se à ideia de que na ponta do
meu braço há qualquer coisa, o que mais tarde pode permitir uma melhor
aceitação de uma daquelas próteses do Iron Man! (o não quero, da minha parte,
está garantido, a ideia é preparar-me para poder vir a consentir). Ficou algo
por explicar melhor: será que um dia eu posso usar uma daquelas próteses com
ligações exteriores às minhas ramificações nervosas, se estas nunca treinaram a
passagem de informação para o meu cérebro?
Voltando à minha possível pinça. Os
meus pais ficaram de pensar sobre o assunto. Para já estou “enfichado”, pois o Professor
tirou fotografias à minha mãozinha e ao meu belo sorriso. Os meus pais dizem
que havemos de voltar lá para o ano. Como devem calcular, a decisão de retirar
e recolocar dedos não é fácil, pois eu não sou um boneco de Lego. No entanto,
sei que os meus pais só querem o melhor para mim. O que eles gostavam é que as
pessoas que lerem este post e que
conheçam alguém que fez aquela cirurgia, nos pudessem enviar um email com a sua experiência.
E pronto! Por agora é tudo. Cá vou continuar nas
minhas brincadeiras e traquinices, enquanto penso no próximo post. Beijinhos e abraços!
2 comentários:
Obrigado pela partilha da vossa experiencia.
Vai tudo correr pelo melhor!!! Força!!
O Pai do Afonso ;-)
Realmente ler esta história responde às minhas questões. Também tenho vontade de ir a esse médico a Coimbra ,só para ter uma opinião, no fundo todos temos essa vontade de procurar soluções.
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