quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Dúvidas

Olá a todos, estou de volta.
Antes de mais quero agradecer todo o incentivo que deram aos meus pais. Eles receberam muitos emails de amigos e de pessoas que não conheciam, que, simpaticamente, iniciaram já alguma troca de informação, que será colocada mais tarde no blogue.

Depois do impacte inicial, já descrito no post anterior, começaram a surgir as dúvidas. Embora ainda seja cedo para colocar algumas questões, eles têm um desejo imenso de fazer perguntas a alguém. A primeira, e mais geral, é saber se existe uma equipa multidisciplinar que responda às suas questões? Eles são umas criaturas curiosas e desconhecedoras da matéria, que gostavam de perguntar tantas coisas básicas e diversas, para me poderem ajudar, p.ex.: como é que eu vou gatinhar e, mais tarde, nadar e comer com faca e garfo. Quando é que eu vou perceber que me falta uma pecinha tão importante, que os outros meninos têm e eu não? Como e quando me vão explicar? Como é que vou apertar os sapatos? O que é preciso fazer para o meu braço direito ter força muscular igual ao outro? Vou usar prótese ou não? Sou eu que decido? A partir de que idade? Há outras soluções para o meu caso? O que é a Clínica da Mão? Vale a pena lá ir? Eu desconfio que o que eles têm mesmo, é medo das “brincadeiras” dos outros meninos, tendo dúvidas sobre o que me devem ensinar para eu me defender e ultrapassar essa dificuldade. De facto, os outros meninos podem ser muito cruéis e eles não sabem qual a melhor maneira de me preparar para isso. Claro que também gozam com os gordos, ou os altos, ou baixos, etc. Há sempre uma falha para explorar. No entanto, no meu caso, sendo um aspeto mais visível, eles receiam o que me espera.

Certamente haverá respostas, umas mais complicadas que outras, para cada uma destas preocupações. Eles têm intenção de colocar posts futuros sobre ferramentas e soluções à medida que se vão informando. Obter respostas a estas incertezas tem como objetivo contrariar um problema que eles ouviram num vídeo no interessante site – ANDAMUS (que será colocado em link) – “os outros olham para mim e só veem o que não tenho, só veem o que não consigo fazer, mas o que me define não é o que me falta, é o que quero”. Embora tenham muitas questões, eles têm a certeza que vamos lutar e que eu vou querer fazer tudo e mais alguma coisa. Espero que digam de mim, o mesmo que dizem de um colega da minha mãe que não tinha um braço: “o tipo só com uma mão, faz mais do que muitos com duas”.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

O princípio

Olá a todos!
Sou o Frederico e nasci no passado dia 29 de julho de 2014. Os meus pais, dois “jovens” com mais de 45 anos, souberam às 11 semanas de gravidez que eu não tinha a mão direita. Depois da análise do cariótipo, verificou-se que eu “só” tinha este problema, o que foi um alívio para eles e para os meus manos crescidos. Por mim, continuei alegremente a crescer, no meu percentil alto e sem perceber muito bem porque é que a minha mãe, às vezes, tinha o líquido amniótico a saber a choro e preocupação. Acho que foi do choque mas, com o tempo, a coisa compôs-se e comecei a ouvir falar mais de amor aos pedaços, roupinhas e berços do que de medos. Ainda assim, como devem calcular, as dúvidas são muitas e serão apresentadas em próximos posts. Tal como referido no Objectivo supra, este blogue incluirá toda a informação a que os meus pais acederem e toda aquela que os amigos/interessados simpaticamente lhes façam chegar via comentário aos posts ou via email (contacte-me). Nesta fase, em que a minha vida se resume a fazer toda a família feliz, não posso deixar de pensar na sorte que tive por ter a gravidez seguida por profissionais de saúde que honram a profissão, pois aliam o muito saber a grande humanidade. Assim, em nome dos meus pais, aqui fica o meu agradecimento ao Dr. Amadeu, ao Dr. Inácio e à equipa do DPN da MAC. Espero que os meus pais já tenham chorado tudo o que tinham para chorar e que tenham aprendido com os meus manos, que souberam de tudo desde o início, a olhar para o meu problema com toda a naturalidade. Os meus pais respeitam e concordam com quem disser que há situações piores; contudo, como bem referiu o obstetra da minha mãe, “Isto acontece a uma percentagem mínima de pessoas, mas para os pais é sempre a 100%”. Para já, para mim, a vida está 100% cool. Como e durmo e tenho a certeza que, à minha espera, está uma vida feliz. Até já!
P.S. Os meus pais agradecem à Cátia Guedes ter criado este blogue.