Olá
meus amigos. Hoje estou de volta, como prometido, para vos falar sobre como é
que me estou a adaptar à minha “mão nenuco”. A primeira coisa que gostava de
dizer, é que tudo o que faço com a prótese, faria igual ou melhor sem ela! Os
meus pais têm consciência disso, mas estão convencidos que se eu me adaptar
bem, é mais provável aceitar uma prótese mais desenvolvida e que me seja útil,
no futuro. A ideia não é esconder, mas ajudar na adaptação. A minha rejeição
está sempre garantida, mas estão tentar evitá-la. Neste procedimento contam com
o apoio da minha médica fisiatra do Hospital Dona Estefânia (HDE), que me acompanha
desde o início.
Como
expliquei no post anterior, desde que
consegui ficar confortável com a prótese, comecei a dominar a minha mão nova,
usando-a como se estivesse sempre lá. Para tal, tive treinos de terapia
ocupacional no HDE de 27 de janeiro a 9 de abril, altura em que tive alta, pois
os meus pais aprenderam o que tinham de fazer em casa. A minha amiga terapeuta deslocou-se
ainda à creche (24ABR) para aconselhar as minhas educadoras sobre quais eram os
melhores exercícios para fortalecer e usar o meu braço. Durante o período letivo
ponho a minha prótese de manhã e só a tiro quando chego a casa para ir ao
banho. Normalmente passo um dia por semana sem prótese. Disseram aos meus pais
que “aquilo não era um sapato”, mas eles acham que é um exagero eu dormir com a
minha mão de plástico, pois transpiro e a luva interior tem de ser mudada.
Aliás, a Sr.ª Dr.ª fisiatra elogiou os meus pais, na consulta no HDE, pela
adaptação que eu estou a fazer.
Vamos
lá então explicar o que é que eu já faço com a minha mão, depois de passar por
uma fase em que levava tudo à frente, pois não controlava a distância (fazia-me
lembrar os adolescentes que têm o braço maior do que a distância que o cérebro perceciona!):
faço rodar um moinho sem o deitar a baixo; bato palmas; ergo os braços quando
alguém grita “viva o Benfica” (acho que o clube é a única coisa que não se pode
mudar na vida); dou “mais 5”; chucho no dedo da prótese; ajudo a minha mão
esquerda a levantar um objecto; quando quero agarrar duas coisas coloco um
delas debaixo da prótese; e, muito importante, faço “ordem à mesa” (como o
martelo que os juízes usam nos filmes). Esta foi a “forma parva” como o meu pai
achou que eu podia fazer exercício com o braço, mas que lhes tem trazido vários
dissabores: a prótese já se partiu duas vezes, nos restaurantes têm de evitar
vergonhas colocando guardanapos para abafar o som e os meus manos já levaram
alguns “ordem à mesa” na cabeça em substituição de festinhas. Realizei um
pequeno vídeo, em anexo, onde mostro algumas das minhas performances, com uma banda sonora que podia ser dedicada a mim.
Mas
nem tudo são rosas. Tenho grande dificuldade em gatinhar, pois a prótese
escorrega, pelo que, antes de andar, preferia arrastar-me pelo chão a grande
velocidade. O principal problema foram as férias de verão. Quando estava na
piscina ou na praia não colocava a prótese e só usava um pouco ao fim do dia. A
diferença fez-se sentir: eu brincava com a minha mão e colocava-a no sítio
sozinho e passei a fazer má cara quando a vejo! Só consegui voltar à rotina no
início das aulas.
Para
já estou bem. Julgo que uma das preocupações da minha pediatra está controlada:
o uso da prótese não tira sensibilidade ao braço? Os meus pais equilibram o
tempo de uso da prótese e estou cheio de força no meu braço direito. A última
brincadeira lá em casa é jogar ao “puxa”. É uma espécie de braço de ferro:
alguém agarra a ponta do meu braço e eu puxo até soltar. Nem imaginam a força
que eu consigo fazer. Só há algo que parece não ter solução por muito que que
eu pratique natação e faça exercício com o meu braço: quando nasci tinha uma
relação de 7 para 8 cm entre o comprimento dos meus dois braços. Atualmente
esta proporção não se mantém, mas isso não me tira uma grande alegria de viver.
Termino
por hoje, desejando um Ano de 2016 muito feliz e cheio de saúde para todos os
meus amigos do blogue.